terça-feira, 27 de outubro de 2009


São As Igrejas Reformadas uma Nova Seita?



Talvez você tenha ouvido falar de uma igreja reformada. Esta igreja tem um ensino, um padrão de culto, governo, e um estilo de vida bem diferente de muitas igrejas que se chamam evangélicas.


Talvez alguém já tenha lhe falado: “Cuidado! É uma seita, uma seita nova”.

Se você não tiver medo da verdade, convido-o a ler um pouco sobre o que são verdadeiramente as Igrejas Reformadas. Depois de tomar melhor conhecimento dos fatos, você pode tomar uma decisão sobre a pergunta que é tema desta postagem.

A Grande Reforma Protestante (1517)

Nos quase 1500 anos entre a Igreja Primitiva e a reforma Protestante, a Igreja estava se desviando mais e mais da Pureza da doutrina e da adoração que a Bíblia ensina. A Igreja através dos séculos estava afundando mais e mais na superstição da igreja Romana. Mas Deus sempre manteve um remanescente fiel que conhecia o verdadeiro evangelho: Que Deus salva pecadores por pura graça, não por obras.

Na grande Reforma protestante, Deus usou homens como Martinho Lutero e João Calvino para reformar a Igreja. O intuito dos reformadores em especial João Calvino e seus sucessores, nunca foi estabelecer uma nova Igreja. Eles entenderam que estavam reformando a única Igreja de Cristo e trazendo-a de volta à doutrina e práticas das Escrituras.

As Igrejas Reformadas do Brasil são ligadas pela historia e pela confissão de fé apostólica com todas as igrejas Fiéis que voltaram à pura doutrina e à verdadeira adoração bíblica na Grande Reforma. A Grande Reforma redescobriu a ligação Bíblica com a igreja primitiva apostólica, e assim as Igrejas Reformadas têm uma linhagem que vai até os tempos apostólicos.

As Igrejas Reformadas no Brasil: Primeira Igreja evangélica no País (1555-1558)

Em 1555, iniciou-se a colônia Francesa na Baía de Guanabara, onde hoje se encontra a cidade do Rio de Janeiro. Em 1557, chegou um grupo de Cristão reformado, junto com vários pastores mandados pelo reformador João Calvino. Assim os primeiros cultos evangélicos no país foram celebrados no Rio de Janeiro, por uma Igreja Reformada francesa.

A Igreja Reformada da Baía de Guanabara: primeiros mártires brasileiros (1558).

Infelizmente os reformadores foram traídos e perseguidos pelos romanistas franceses, assim a Igreja Reformada foi dizimada. Os primeiros mártires brasileiros pelo evangelho do Senhor Jesus Cristo forma membros da Igreja Reformada. Antes de morrerem, eles escreveram a confissão de Guanabara – A primeira confissão de fé do novo mundo.

As Igrejas Reformadas do Nordeste: Primeira Igreja missionária do Pais (1630-1654).

Muitos conhecem o nome Mauricio de Nassau, que governou o Brasil holandês com uma tolerância e sabedoria muito adiantada para sua época. Poucos sabem que o Conde Nassau fazia parte da família real da Holanda. A família Nassau estava sob juramento de defender a fé
reformada e promover a tolerância religiosa e liberdade de consciência.

Durante anos que Pernambuco e uma grande parte do Nordeste ficaram debaixo do governo holandês, as Igrejas Reformadas embarcaram num projeto missionário impressionante. Dezenas de pastores e missionários pregaram a fé reformada em vários idiomas: inglês, francês, espanhol, holandês, português, e até em Tupi (Língua Indígenas).

O catecismo de Heidelberg, que ensina o caminho da salvação, foi traduzido em tupi. Muitas aldeias conheceram a graça de Deus em Jesus Cristo, e muitos indígenas se converteram ao Senhor. Você já ouviu falar do famoso índio Poty? Ele foi membro da Igreja Reformada.

As Igrejas Reformadas e a Tradução da Bíblia em português (Séc XVII e XVIII).

Convido a você a abrir sua bíblia nas primeiras páginas. A grande maioria das Bíblias usadas no Brasil faz uso da tradução de um tal de “João Ferreira de Almeida”. Quem foi este homem? Ele foi um dos primeiros portugueses a abraçar publicamente a fé reformada, em 1642. Mais tarde ele se tornou um pastor das Igrejas Reformadas numa região da Ásia onde se fala português, e iniciou o trabalho de traduzir a Bíblia para a língua portuguesa. A obra que se iniciou foi completada por outros pastores reformados no séc XVIII.

As Igrejas reformadas e a segunda Vinda da Igreja Evangélica para o Brasil (séc XIX).

No séc XIX, depois de muitos séculos, a igreja voltou para o Brasil. Foram os Presbiterianos e Congregacionais que trouxeram a Pregação reformada ao Brasil: Deus salva pecadores por pura graça não por obras. É importante observar que as igrejas Presbiterianas e Congregacionais originalmente foram herdeiras da Grande Reforma Protestante por meio de Genebra, que é o berço das Igrejas Reformadas.

As igrejas da reforma no continente da Europa costumam chamar-se “Igrejas Reformadas”, enquanto as igrejas da Grã Bretanha e nos Estados Unidos costumavam chamar-se de “Presbiteriana” ou “Congregacionais”.

As Igrejas Reformadas no Brasil (séc XX e XXI).

No decorrer do séc XX, várias Igrejas reformadas foram estabelecidas no Brasil por imigrantes vindo da Holanda. No ano de 1970 as Igrejas Reformadas do Canadá iniciaram trabalhos missionários em pequenas aldeias de pescadores entre Recife e Maceió, na mesma época, as Igrejas Reformadas holandesas iniciaram uma obra missionária no estado do Paraná. Hoje existem Igrejas Reformadas oriundas da Reforma Protestante continental em muitos estados e cidades do Brasil.

Qual sua Conclusão?

As Igrejas Reformadas vêm da Grande Reforma Protestante do séc XVI, e através desta reforma tem um ligação com a igreja primitiva apostólica. O primeiro culto evangélico no Brasil foi feito pela Igreja Reformada, já no séc XVI. Os primeiros mártires brasileiros forma membros da Igreja Reformada. A primeira confissão do novo mundo foram escritas, e desenvolvidas por membros da Igreja Reformada. A tradução da Bíblia em Português foi por um pastor reformado.

À luz deste fatos, o que você vai responder quando alguém, que faz parte de uma igreja que apareceu apenas a 100 anos atrás, lhe disser que as Igreja Reformadas são uma nova seita?


segunda-feira, 26 de outubro de 2009

João Calvino – Professor de Evangelismo




“Prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina.” (I Tm 4:2).

                Não pouco estudiosos ficam surpresos com o título desde artigo. Alguns poderão dizer que o catolicismo romano manteve a tocha evangelística do Cristianismo via as poderosas forças do papado, dos monastérios, e da monarquia, enquanto Calvino e outros Reformadores tentaram extingui-la. Outros irão afirmar que João Calvino (1509-1564), o pai da doutrina e teologia Reformada e Presbiteriana, foi preponderantemente responsável pelo ressurgimento da tocha do evangelismo bíblico durante a Reforma.
                Alguns ainda irão creditar a Calvino ser o pai teológico do movimento missionário Reformado. Visões da atitude de Calvino sobre o evangelismo e missões tem ido desde ao moderado, ao rico suporte do lado positivo, até quase um silencio indiferente e ativa oposição do lado negativo.
                Veja no quadro da próxima pagina algumas características daquele que vêem o evangelismo de Calvino no negativo.
                Para chegar corretamente à visão de Calvino sobre evangelismo, temos que entender o que ele mesmo tem a dizer sobre esta matéria. Nós devemos olhar pelo completo escopo da visão de Calvino, tanto no seu ensinamento como na sua prática. Neste artigo, nos iremos imaginar as referencias ao evangelismo nas Institutas da Religião Cristã, nos seus comentários, sermões e cartas. Então, talvez, em futuros artigos, nós passamos  a olhar o trabalho evangelístico de Calvino(1) em seu rebanho, (2) em seu período na cidade de Genebra, (3) na grande Europa, e (4) em oportunidades de missões além mar. Como iremos ver Calvino foi mais evangelista do que é geralmente reconhecido. Através de sua instrução e prática, ele reacendeu a tocha do evangelista bíblico e reformado, centrado em Deus.
                Como era o ensinamento evangelístico de Calvino? Em que sentido ele exortava os crentes a procurarem a conversão de todas as pessoas, inclusive aqueles que estavam dentro da igreja, como também daqueles que estavam fora dela, no mundo?
                Assim como os outros Reformadores, Calvino ensinava evangelismo, forma geral, por meio da proclamação do evangelho e pela reforma da igreja de acordo os requisitos bíblicos. Mais especificamente, Calvino ensinou o evangelismo enfocando a universalidade do Reino de Cristo e a responsabilidade dos cristãos em cooperarem na extensão desde Reino.
                A universalidade do Reino de Cristo foi um tema frequentemente repetido no ensinamento de Calvino. Nestes ensinamentos ele dizia que todas as Três Pessoas da Trindade estão envolvidas na propagação do Reino.
                O Pai não irá mostrar “apenas em um canto, o que a verdadeira religião é, mas ele enviará Sua voz aos limites extremos da terra”. Jesus veio “para estender Sua graça sobre todo mundo”. E o Espírito Santo descendo para “alcançar todos os confins e extremidades do mundo”. Em suma uma incontável multidão “a qual será levantada por toda a terra”, irá se tornar manifesto em qualquer lugar entre as nações.
                Como irá o Deus Trino estender o seu reino através do mundo? A resposta de Calvino envolve tanto a soberania de Deus como nossa responsabilidade. Ele diz que a obra de evangelismo é obra de Deus e não nossa, mas que Ele usará os Seus servos como Seus instrumentos. Citando a parábola do semeador, Calvino explicar que Cristo semeia a sua palavra de vida em todo lugar (Mt 13:24-30), fazendo crescer Sua Igreja não por meios humanos, mas pelo poder celestial. O evangelho “não cai das nuvens como chuva”, no entanto ele é “trazido pelas mãos de homens que vão onde Deus os mandou”. Jesus nos ensina que Deus “usa o nosso trabalho e nos impulsiona para ser Seus instrumentos no cultivo do Seu solo”. O poder reside em Deus, mas Ele revela a Sua salvação através da pregação do evangelho. O evangelismo de Deus causa a nosso evangelismo. Nós somos os seus cooperadores e Ele nos permite participar da “honra de constituir Seu Filho governador do mundo inteiro”.
                Calvino ensinou que o método ordinário de “tornar coletiva a igreja” é meio da voz exterior dos homens; “porque Deus mesmo pode trazer por sua secreta influência, no entanto ainda emprega a agência do homem e desperta em nós uma ansiedade sobre a salvação um do outro”. Calvino vai mais longe, chegando a dizer: “Nada retarda mais o progresso do Reino de Cristo do que a insuficiência dos ministros”. Embora a palavra final não seja por nenhum esforço humano. É o Senhor, diz Calvino, “a voz do evangelho ressoar não apenas em um lugar, porém longe e amplamente através do mundo inteiro”. O evangelho não é pregado ao acaso às nações, mas pelo decreto de Deus.

                De acordo com Calvino, esta ligação entre a soberania de Deus e a responsabilidade humana o evangelismo oferece as seguintes lições:
(A)   Como evangelistas reformados nós devemos orar diariamente pela extensão do reino de Cristo. Como Calvino disse:
“Nós devemos diariamente desejar que Deus reúna as igrejas para Ele mesmo de todo os lugares da terra”.

Desde que Deus se apraz em usar nossas orações para completar os Seus propósitos, devemos orar pela conversão dos pagãos. Calvino escreve:
“Isto deve ser um objetivo em nossos desejos diários, de que Deus reúna as igrejas para Ele mesmo todas as nações do mundo; que possa ampliar o seu número, enriquecê-las com dons e estabelecer uma ordem legítima entre elas”.

Através da oração diária para que venha o reino de Deus, nós “professamos que somos servos e filhos de Deus profundamente comprometidos com Sua reputação”.

(B)   Nós não devemos ficar desencorajados pela falta de sucesso visível no esforço evangelístico mas devemos persistir orando.
“Nosso Senhor exercita a fé dos Seus filhos; é por isso que ele não faz tão facilmente com Sua mão as coisas que Ele prometeu. Isso é uma coisa especialmente aplicada ao reino de Nosso senhor Jesus Cristo”.

Calvino escreve: “Se Deus passa todo um dia ou um ano [sem nos dar frutos], isto não é para nós desistirmos, ao contrário, devemos orar e não duvidar que Ele ouve a nossa voz”.

Devemos nos manter em oração crendo que “Cristo irá manifestadamente exercultar o poder que lhe foi dado para a nossa salvação e para a salvação di mundo inteiro”.

(C)   Nós devemos trabalhar diligentemente pelo aumento to reino de Cristo sabendo que nosso trabalho não será em vão. Nossa salvação obriga-nos a trabalhar pela salvação dos outros. Calvino diz:

“Nos fomos chamados por Deus neta condição, para que cada um possa posteriormente levar outros à verdade, para restaurar os desgarrado ao caminho certo, para estender a mão de ajuda aos caídos, e dar o que temos ganhado àqueles que não têm”.

No entanto, não é suficiente par cada homem estar ocupado com outras maneiras de servir a Deus.
“Nosso zelo deve ser ampliado para trazer outros homens. Devemos fazer tudo, dentro de nossa capacidade, para trazer todos os homens da terra para Deus”.

Existem muitas razões porque temos que evangelizar. Calvino oferece as seguintes:
Deus manda fazer isso.
“devemos nos lembrar que o evangelho é pregado na apenas pela ordenança de Cristo, mas pela Sua argüição e direcionamento”.

Deus nos direciona pela exemplo . Como nosso gracioso Deus fez conosco, nós devemos estar com nosso “braços estendidos, como Ele fez, aos que estão fora” de nós.

Nós queremos glorificar a deus. Verdadeiros cristão desejam estender a verdade de Deus por todo lugar e assim “Deus estará sendo glorificado”.

Nós queremos agradar a Deus. Como Calvino escreveu: “É um sacrifício de agradecimento a Deus contribuir para a propagação do Evangelho”. Para cinco estudantes que foram sentenciados a morte por pregarem na França, Calvino escreveu: “Vendo que [Deus] emprega as suas vidas em tão sublime causa como o de serem testemunhas do evangelho, não duvidem que isto é precioso para Ele”.

Nós temos um dever para com Deus. “É muito justo que devemos labutar para o aprofundamento do progresso do evangelho”, disse Calvino. “ É nosso dever proclamar a bondade de Deus a cada nação”.

Nós temos um dever para com os pecadores. Nossa compaixão para com os pecadores deve ser intensificada por nosso conhecimento de que “Deus não pode ser sinceramente invocado por qualquer outra pessoa senão por aqueles a quem, por meio da pregação do evangelho foram dados conhecer Sua bondade e ternos sentimentos. Consequentemente, cada encontro, com outros seres humanos deve nos motivar a trazê-los ao conhecimento de Deus”.

Nós estamos gratos a Deus. Aqueles que estão em débito com a misericórdia de Deus estão constrangidos a se tornar, como o salmista, um verdadeiro “publicitário” da graça de Deus a todos os homens. Se a salvação é possível para mim, um grande pecador, então é possível para outros também. Se eu não evangelizo sou uma contradição. Como diz Calvino: “Nada pode ser mais inconsistente no que concerne à natureza da fé que aquela indiferença que leva um homem a desprezar seus irmãos e manter a luz do seu conhecimento... apenas em seu próprio coração”. Nós devemos, em gratidão, trazer o evangelho para outros, não parecendo assim, indiferentes ou ingratos a Deus pela nossa própria salvação.

Calvino nunca defendeu que a tarefa missionária estava completa com os Apóstolos. Ao invés disso, ele ensinou que cada Cristão deve testificar pela Palavra o ato da graça de Deus a qualquer um que ele encontrar. A afirmação de Calvino do sacerdócio universal de todos os crentes envolve a participação da igreja, no mistério profético sacerdotal e real. Ele comissiona os crentes a confessarem o nome de Cristo a outros (tarefa profética), para orar pela salvação deles (tarefa sacerdotal), e para discipliná-los (tarefa real). Isto é a base para a poderosa atividade evangelística por parte da igreja viva “até os confins da terra”.


Aqueles que vêem o evangelismo de Calvino negativamente são:

1-      Pessoas que falham em estudar os escritos de Calvino antes de tirarem suas conclusões.
2-      Pessoas que falham em entender a visão do evangelismo de Calvino em seu próprio contexto histórico.
3-      Teólogos que trazem preconcebidas noções sobre Calvino no escopo de sua teologia.
4-      Críticos, entre os quais estão aqueles que afirmam que a doutrina da eleição exposta por Calvino nega o Evangelismo.


Fonte : Revista Os Puritanos Ano XVII: Nº2: 2009
Autor: Dr. J.R Beeke